BOM-DIA, DIA
mostra-me a cara;
bom-dia, dia,
mesmo de sol fantasiado,
me mostra a cara
do primeiro amor enganado,
da primeira mulher sem jeito de sofrer...
mostra-me a cara;
bom-dia, dia,
mesmo esbarrado na pressa,
me mostra a cara
do primeiro mendigo de rua aflito,
da primeira poesia feita sem entardecer...
mostra-me a cara;
bom-dia, dia,
mesmo avoado, qual passarinho,
me mostra a cara
daquela que voou para o sentimento,
daquela que, a qualquer momento, morará...
mostra-me a cara
antes do bom-dia, tarde,
apesar das madrugadas trazidas para ti:
bom-dia, dia,
mostra-me a cara
mesmo que a chuva contigo acabe
e leve, na enxurrada,
a infância do poeta que bóia
enquanto o dia parecia interminável.