Enquanto você não vem

Deito por horas e horas em um quarto vazio,

Preenchido apenas pela luz fraca que vem da janela,

Às vezes do sol, às vezes da lua...

Fico deitado numa cama desarrumada,

Olhando paras as paredes geladas,

Corroídas pelo tempo...

Meus ouvidos ficam apurados,

Atentos à qualquer barulho que possa vir de fora,

Ou até mesmo de dentro,

Pois já não sei o que é real ou não...

Fico deitado apenas com a companhia de meus pensamentos,

Deixados de lado há muito,

Mas eles nunca realmente foram embora.

Fico olhando para o teto,

Na esperança de achar algum ponto de fuga,

Alguma luz,

Mas a única luz é a luz de fora do quarto.

Minhas mãos – atadas para sempre, escarnecem minha face procurando o que fazer...

Meus olhos – embebidos em lágrimas, procuram desesperados a sua redenção...

Meu corpo – dilacerado e esquecido, já não se importa com os obstáculos físicos impostos por mim...

Meu coração – lutando para continuar batendo, em meio ao caos interno do meu peito...

E eu caio profunda e deliberadamente,

Em um sono que pode ser que dure para sempre,

E, enquanto você não vem,

O frio entra junto com a luz pela janela do quarto,

Deixando meu refúgio ainda mais doentio,

Desprovido de qualquer sinal de vida.

Enquanto você não vem,

O tempo corre ainda mais rápido,

Deixando esta mente ainda mais velha,

Desgastada e frágil...

E os fantasmas de minha alma, gritando a minha volta!

Não posso fugir, não consigo fugir!

E meu único ponto de partida, meu porto seguro,

É pensar em você, e somente em você,

Para me manter aquecido e seguro...

E enquanto você não vem,

Eu morro um pouco mais...