Casarão (Vulto dos tempos)
No porão do casarão,
as vozes evocam um luto,
como um coro ecoante.
E no riso inexplicável dos condenados
as mãos vazias saudando o martírio,
e na mente escancarada, exposta,
uma solene utopia vulnerável.
Varias frinchas em cada canto,
que passam várias almas,
e cicatrizam os passos inusitados.
No resguardo da lembrança,
A reminiscência dos velhos atos,
que se seduz no mistério de cada quarto.
O casarão no caminho solitário,
como um forte apache de valentes guerreiros.
Há poesia na sala que reunia-se os cultos,
e oculto sobre os vitrais,
as escamas de certos versos transparentes.
Há um trecho da infâmia entre linhas,
na flecha cravada no sábio cego
que sangrou pelo corredor.
Onde nem o crespúsculo do coração mais eminente
viu as sombras do passado que escondia ali.
O casarão destruído, corroído sob cinzas,
vários anos que abrigaram sobre minha cabeça
o vulto dos tempos.