Poesia incendiária
Dia cinza,
ergo a mão.
O cigarro póstumo,
entre brumas
e os raios do sol
que dilaceram minha face
ressaqueada e febril.
Há raios
que brilham
e pintam no espaço
luzes do medo
e do caos;
sonoros e
cortantes no
visor de meu peito.
Rasgo o arbitrário,
palavras erradas,
mas que são ditas.
Não se perde
de mim uma gota,
enquanto milhares delas
são choradas
deste céu de cores foscas.
Há fogo logo ali!
Um raio
em instalações.
Queima, incendeia.
(A ventania nascida)
Me roube,
vento.
Roube-me as
palavras
e seque minha voz.
Dia cinza.
Cinza?
Cinzas...
que do cigarro caem.
Chuva densa,
destilada.
“Destilado” vou,
para sempre,
em meus dias de tempestade.