Evolução

Hoje tenho livros na estante,

Ela está cheia deles,

Me ensinaram a ser bom comerciante

E vender bem os poderes,

Navalhas cortantes,

Desejos obstantes

E vários tipos de prazeres

Deveria ser o suficiente,

Deveria parecer que bastava,

Que não era contundente

As coisas que agora não mais desejava

Nesse presente influente

Que tanto me mente

Que tudo me faltava

A fenda no espaço-tempo

Me faz sentir menor,

Mas não me faz sentir por dentro

Um tanto pior,

Talvez seja porque tento

Me parecer um pouco menos lento

Que o resto a meu redor

Passei por dimensões

Conjugando os verbos,

Jogando nos latões

Das esquinas os termos certos

Cabiveis a todos os ladrões

Que roubam dos corações

O direito de serem eternos

Hoje é tudo no preterito

Bem mais que perfeito,

Trancado em paredes de concreto

Que é pra não surtir efeito

Quando eu estiver perto e querer me sentir inteiro

Enganado por um faceiro

Futuro esperto

Os dias se confundem

Brincando por aí

E antes que as coisas de novo mudem

E o eu de hoje começo a cair,

Como os seres evoluem,

Quero que as estações cheguem

E se espalhem por aqui

Quero comer de novo a rima,

Quero a prosa do passado

E quero o Sol que ilumina

O futuro atrasado,

Quero a involução que abomina

Pra parecer que é um pouco antiga

A vida que tenho levado...

Arthur Dantas
Enviado por Arthur Dantas em 14/01/2009
Código do texto: T1384574