FIINDA DE AMOR À PAAY CHARINHO

FIINDA DE AMOR À PAAY CHARINHO

Eu, senhor, d’amor coitado

por voss’alma fremosia

foi de tan enamorado

qu’eu chorand’assi dizia:

Suidade, suidade minha,

quando, quando vos veria?

Procurei-te pelos montes

pelas grutas santuários...

(dedos aflitos nas contas

profanas de meus rosários)

Ai, Deus! as águas das fontes

como as ninfas flutuantes

choravam nos estuários...

Quem viss’assi com’eu vi

com tal coita e tan velia,

ness’amor que padeci

de mi (n) tormenta diria:

Alma gêmea de mi (n)’alma,

quando, quando vos teria?

Mays estaveis na cidade

que dos campos não se via

no asfalto da puberdade

dos anjos da mais-valia...

Ai, Amanda de Saudade,

minha vasta claridade

aos poucos se apagaria...

Fremosura d’alvorada

mui louçana senhor mia

e tan muit’enamorada

que, partind’assi dizia:

Barqueiro do meu destino,

quando, quando vos veria?

Não enquanto morra tanta

a esperança conselheira

dos enforcados na ponta

do pau-brasil da bandeira...

Ai, cruzado em terra santa

o Amadis não se alevanta

de chorar a companheira!

Senhor mia, fin rosetta,

non me metta em romaria,

tanto amor em Leonoreta

de suidad’eu morreria...

Que baixinho perguntava:

quando, quando vos veria?

O remate da cantiga

foi à fonte e logo vem,

que cantiga sem remate

já nenhuma graça tem...

Dess’amor de mim senhor,

tendes voss’essa meestria...

Mas a vós, senhor, d’amor!

quando, quand’eu vos teria?

Afonso Estebanez

Afonso Estebanez
Enviado por Afonso Estebanez em 14/01/2009
Código do texto: T1384123
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.