FALECIMENTO DE CABRAL MACHADO (12/01/2009)
POEMA PARA CABRAL MACHADO
O sol se põe sobre tua cabeça, ó homem pleno
E as andorinhas em revoada sobrevoam teus jardins, ó rei
As flores do campo, mimosas, amarelas, azuis, brancas
As relvas verdinhas, invernais, nas estradas,
Cantam canções de amor
O azul do céu inunda teus olhos de luz
Poeta, a beleza da vida te chama
Amigo,
As fontes sussurram melodias de amor em teus ouvidos
Tocam sinos e pianos à tua passagem
Na carruagem de sonhos e baile de fantasias
Cavalos brancos e cavalos negros de crinas ao vento da vida
Carícias suaves da música que também galopa anunciando primaveras
O cavaleiro segue de olhos afundados no horizonte
A princesa em brilhantes vestes sorri extasiada
Serão muitos os apaixonados beijos
A juventude a toda brida sobre o corpo luzidio dos corcéis
Eu te trago uma oferenda
O suplício do pelicano de Musset
E a certeza da reencarnação dos faraós
Os tesouros das pirâmides
Eu te oferto o vendaval dos versos de Rimbaud
E as garças e gaivotas em festa na manhã de um cais desconhecido
Eu te dou uma fileira de coqueiros numa praia solitária
Os peixes vermelhos dos riachos cristalinos
E diamantes em lugar de lágrimas
Receba as nuvens e a poeira das estrelas
O rastro dos cometas e as imensidões indevassadas
As cachoeiras e as matas nunca visitadas
Todas as flores aquáticas de águas jamais tocadas
Eu te dou a vida nestes versos, ó poeta