Perdão
Perdoe este eu que tanto esconde
Tudo aquilo que, nele, vira vício
É medo que o faz refém, eu sei,
De tudo que, em solidão, decifra.
Luzes acesas, cama desfeita,
O mesmo abismo depois da colheita.
Nunca falou nada do que sente
E do amor, faz brincadeira.
Perdoe este eu que tanto esconde
Esta vontade, imensa, que o consome,
Proibindo-lhe dar o que já provou,
por ser bem maior a descrença que herdou.
Perdoe este eu malcriado,
Mas, no fim da colheita, nele, não fica nada
Sobram, apenas, camas desfeitas
E sua alma, de vento, impregnada.