OBSERVANDO II

Como um dourado pincel

O luar empasta o corpo

Formando silhueta n'areia,

Como se esculpida fosse

Por um artístico cinzel.

Fico silente observando

O porte do gentil Apolo,

De quem a lua enamorada

Deseja sentir, nos frios raios,

O calor que dele emana.

As ondas, enciumadas, tentam

Atrair a apolínea beleza

Tecendo rede de espuma

Para lançá-la na praia

Como vela que se enfuna

Açoitada por ventos do desejo

Empurrando o elemento feminino

Para o barco das ilusões,

Onde, feliz, se deixa acorrentar

Ao mastro do masculino.

16/09/04.