Nas circoses de meu íntimo

Como é bom

o som da Coca ao ser aberta.

Como é bom

o som que produz em orgasmo.

Como é bom

o som que se escuta

entre ladrilhos quebrados

e violões desafinados.

É tão falso e digno

quanto o amor

que jogamos no lixo

o tempo todo

por ter medo de errar.

Como é fácil

e difícil ao mesmo tempo

comer o que vomito

após uma noite

de banquetes entorpecidos.

Se fora estou,

ou se logo vou,

quem me segura

enquanto ao Diabo canto

e encanto nosso senhor,

triste e ferido na cruz?

Ó, como queria

não querer

o que tantas vezes

tento esquecer que sinto.

Como queria teu colo,

mendiga suja e maltrapilha;

cândida mulher de olhos fundos.

Deus,

como meus olhos ardem

e meu pulmão se engasga

quando mato a sede

de meus vícios -

mais um pouco meu fígado.

Pedaço de carne mole,

que se come em animais

e se transplanta

em símios pensantes.

Momento oblíquo,

de cores e sons,

de coisas e nós.

Poeta sou ti,

em todos e

em onde não mais se escuta

o som do império

a gargalhar gases

malditos da fome

e da falta de sono.

Raul Furiatti Moreira
Enviado por Raul Furiatti Moreira em 13/01/2009
Reeditado em 13/01/2009
Código do texto: T1382247
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