Nas circoses de meu íntimo
Como é bom
o som da Coca ao ser aberta.
Como é bom
o som que produz em orgasmo.
Como é bom
o som que se escuta
entre ladrilhos quebrados
e violões desafinados.
É tão falso e digno
quanto o amor
que jogamos no lixo
o tempo todo
por ter medo de errar.
Como é fácil
e difícil ao mesmo tempo
comer o que vomito
após uma noite
de banquetes entorpecidos.
Se fora estou,
ou se logo vou,
quem me segura
enquanto ao Diabo canto
e encanto nosso senhor,
triste e ferido na cruz?
Ó, como queria
não querer
o que tantas vezes
tento esquecer que sinto.
Como queria teu colo,
mendiga suja e maltrapilha;
cândida mulher de olhos fundos.
Deus,
como meus olhos ardem
e meu pulmão se engasga
quando mato a sede
de meus vícios -
mais um pouco meu fígado.
Pedaço de carne mole,
que se come em animais
e se transplanta
em símios pensantes.
Momento oblíquo,
de cores e sons,
de coisas e nós.
Poeta sou ti,
em todos e
em onde não mais se escuta
o som do império
a gargalhar gases
malditos da fome
e da falta de sono.