DAYANA DE MÁRMORE
Numa rocha calcárea defectiva
Entre outros meteoros que a protegem
Seu feitiço divide o amor da vida
Como punhal de prata que não fere;
De erros alheios fez sua montanha
Com alicerces de água, medo e argila
Um eco forte de uma dor tamanha
Num beco escuro sem ver a saída;
Fez ninhos de aço num cume estreito
Pousando aves com laços amáveis
Laços eternos de amores perfeitos
Pássaros até que já foram invulneráveis;
Uma paranóia engana uma falha
Um sorriso que passa não vê o tempo
O fogo que queima uma ponta de palha
Deixa a dor por conta do vento;
Mascando um veneno que não mata
Sua saliva num beijo que afaga
Noutro, consome o peito e a alma
Num derradeiro do mundo o apaga;
Porém, a rocha calcárea defectiva
Com seu ninho de aço e feitiço da vida
Amou um morro velho e cansado
E a pedra sabão foi esculpida.