COMO A POMBA...
Como a pomba que tu vês,
Toda de branco vestida,
Matando a sede, elegante,
No regato da Avenida.
Sua cauda, armada em leque,
Tem formosa pena preta.
Tu sabes que é sempre a mesma,
Linda pomba lisboeta.
Por perto um pombo arrulha,
Atento, enamorado.
Porém, retira-se a pomba
Sem olhar o apaixonado.
Ontem o pombo atrasou-se
E a pomba branca, nervosa,
Dum lado, andava, prò outro,
Inquieta, receosa.
Tal e qual, quando não vejo
Meu amor perto de mim,
A pomba atentava ao longe,
Procurando-o no jardim!