NOS BRAÇOS DE MORPHEU
Da quentura do meu leito
para os braços de Morpheu
eu parto voando leve…
Deixo o lógico e o estreito
o racional e o perfeito
e nessa viagem breve
vai a outra que sou eu
E enquanto Morpheu norteia
meu sono e abstracção
na sua louca odisseia…
Eu, imóvel, sem um gesto
rasgo a imaginação
e elevo a minha visão
pra além do que é manifesto
E nessa rota plo Espaço
onde o tempo não é nada
e a distância não tem passo
nem rua ou encruzilhada…
Salto obstáculos, barreiras
sem bitolas nem craveiras
e meus poderes ultrapasso
Nesse breve cerrar de olhos
não há medos nem escolhos
limites ou competências…
E nesse céu sem fronteiras
esqueço conveniências
tabus e rectas maneiras
sem medir consequências
Comigo o sono e o sonho
dois companheiros sem siso
fazem calar minha mente
e enlouquecem meu juízo…
E eu à solta impunemente
num, ao porvir me anteponho
noutro, o passado exorcizo
Meu corpo posto em repouso
alma entregue ao imprevisto
é hora em que tudo ouso…
E é dormindo que insisto
em sorver, voraz, do sonho
a força que à dor oponho
as armas com que resisto!
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(In “Geometrias Intemporais”, publicado no ano 2000)
(In "Luas e Marés" - E-book - " em Abril/2006)
http://www.delnerobookstore.com/bibliotecas_virtuais/carmo_vasconcelos
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Poesia declamada:
http://www.abrali.com/000membros/cd/carmo_vasconcelos/sitio.htm