NOS BRAÇOS DE MORPHEU

Da quentura do meu leito

para os braços de Morpheu

eu parto voando leve…

Deixo o lógico e o estreito

o racional e o perfeito

e nessa viagem breve

vai a outra que sou eu

E enquanto Morpheu norteia

meu sono e abstracção

na sua louca odisseia…

Eu, imóvel, sem um gesto

rasgo a imaginação

e elevo a minha visão

pra além do que é manifesto

E nessa rota plo Espaço

onde o tempo não é nada

e a distância não tem passo

nem rua ou encruzilhada…

Salto obstáculos, barreiras

sem bitolas nem craveiras

e meus poderes ultrapasso

Nesse breve cerrar de olhos

não há medos nem escolhos

limites ou competências…

E nesse céu sem fronteiras

esqueço conveniências

tabus e rectas maneiras

sem medir consequências

Comigo o sono e o sonho

dois companheiros sem siso

fazem calar minha mente

e enlouquecem meu juízo…

E eu à solta impunemente

num, ao porvir me anteponho

noutro, o passado exorcizo

Meu corpo posto em repouso

alma entregue ao imprevisto

é hora em que tudo ouso…

E é dormindo que insisto

em sorver, voraz, do sonho

a força que à dor oponho

as armas com que resisto!

***

(In “Geometrias Intemporais”, publicado no ano 2000)

(In "Luas e Marés" - E-book - " em Abril/2006)

http://www.delnerobookstore.com/bibliotecas_virtuais/carmo_vasconcelos

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Poesia declamada:

http://www.abrali.com/000membros/cd/carmo_vasconcelos/sitio.htm

Carmo Vasconcelos
Enviado por Carmo Vasconcelos em 12/04/2006
Código do texto: T137900
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