Queimada

Grande árvore de folhas secas

Como se colorida por envelhecida aquarela

Que diante de uma, branca, tela

Tinge, selvagem, grande armadilha.

Levanta seu pincel, à frente,

Tão rápida quanto insolente

A tela imaculada, de fogo, mancha,

Da árvore soltam-se gritos eloquentes.

Grande árvore de folhas secas,

Abraçada por tão grande ferida,

Roga a Deus por misericórdia

Ou outra cor para ser tingida.

Mas são homens que chegam na frente

Dão-se o nome de “pioneiros”

Não ouvem a árvore que quase jaz

Nem lembram que, lá, ela estava primeiro.

Queimam todos da família

Grandes árvores, capim e arvoredos,

Mudam o curso das águas do rio

Sem saber que, um dia, terão medo.

E o sol, agora, agindo sozinho,

Queima tudo, até passarinho,

E os homens que chegaram na frente,

Vão retirando-se devagarzinho.

Outras árvores terão mesmo destino

E do verde não sobrará mais nada,

Nem capim, nem arvoredo,

Mas ao homem, nem estrada.

Li Vaz
Enviado por Li Vaz em 10/01/2009
Reeditado em 22/04/2009
Código do texto: T1378288
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