Queimada
Grande árvore de folhas secas
Como se colorida por envelhecida aquarela
Que diante de uma, branca, tela
Tinge, selvagem, grande armadilha.
Levanta seu pincel, à frente,
Tão rápida quanto insolente
A tela imaculada, de fogo, mancha,
Da árvore soltam-se gritos eloquentes.
Grande árvore de folhas secas,
Abraçada por tão grande ferida,
Roga a Deus por misericórdia
Ou outra cor para ser tingida.
Mas são homens que chegam na frente
Dão-se o nome de “pioneiros”
Não ouvem a árvore que quase jaz
Nem lembram que, lá, ela estava primeiro.
Queimam todos da família
Grandes árvores, capim e arvoredos,
Mudam o curso das águas do rio
Sem saber que, um dia, terão medo.
E o sol, agora, agindo sozinho,
Queima tudo, até passarinho,
E os homens que chegaram na frente,
Vão retirando-se devagarzinho.
Outras árvores terão mesmo destino
E do verde não sobrará mais nada,
Nem capim, nem arvoredo,
Mas ao homem, nem estrada.