Outono
Outono...
Não acendo velas, não cortejo
O silêncio vazio das procissões,
Não peço nada ao tempo,
Incinerei algumas crenças,
Alguns rituais em meus porões.
Deixei partir algumas ilusões
Junto às folhas que celebram outono,
Desfiz-me de lágrimas antigas,
Partituras de cantigas, versos amarelados,
Que não nasceram em tantas primaveras,
Não espero nada do tempo,
Dos homens que seguem o mesmo caminho
As mesmas rotas, como se diferente fosse o chegar.
São falsos os segredos que teimam em guardar.
Pois não resistirão aos ventos do outono,
Não vencerão os sonhos, as velas frias, irão se apagar.
Tonho França