AMIGO VESTIDO DE AMIGO
Que meu amigo sempre preserve
O brilho do meu olhar
E saiba que meu ombro chora
Quando ele sofre
Carregue meu silencio
Em silencio
E o riso
Coloquemos em garrafa
Para abrir nas madrugadas
Que se faça festa
E nos embriaguemos
Um com o outro
Que minha cumplicidade
Se faça tapete
Onde suas idéias inquietas
Reinem
Se faça criança
De pés sonhadores
Que flutuem no sabão...
Que minha aquiescência
Se faça entendida.
Meus dissabores,
Sejam bebidos e esquecidos
Em uma taça de vinho
Que seus passos
Eu sinta ao chegar
E seus braços sejam fortes
Para ampararem minha rebeldia
Que emplaque meu grito
E o deixe correr solto...
Que meu suor seja o seu
E vire água corrente
E o amor corra no sangue
Como antídoto
Que nos cure de nós mesmos
Meu bom amigo
Que a vida seja sempre pouca
No nosso quintal
E que tudo
Seja entendido pelo olhar...
Que a humildade
Brote de nossa pele
Que os sonhos
Embalem nossos corpos
E em nosso prato
Esteja nossa fome
E a loucura
Em nosso cálice
E nossas mãos dispostas
Ao lado uma da outra...
Nossas almas vestidas de nós
Alma vestida de amigo
Amigo vestido de amigo...