Poema que ninguém quer ler

Cada um com seus livros

Nas estantes;

Sua Bílbia

Seu Alcorão

Sua Gita

Dom Quixote De la Mancha

Cada um com seus moinhos

De vento;

Suas paixões

Suas razões

Seus conceitos

Seu partido político

E amores

Que vão e que vem

Cada um com seus pertences

Que um dia deixarão de ser;

Seu carro

Sua casa

Seu cachorro

Suas roupas

E o coração

Que a terra há de comer

Cada um com seus sentimentos

Que não é você quem escolhe;

Alegria

Tristeza

Solidão

Dor

Prazer

Que são as linhas que te conduzem feita marionete

Cada um com seu amanhã

Que ninguém sabe o que dele será;

Chuva

Sol

Noite

Dia

Feriado

Nas rodovias da morte

Cada um com seus vícios

Que você não domina;

Sexo

Drogas

Destilados

Que te levam pra outros lados

Cada um com sua vida inventada

Com sua lida;

Sua família

Sua casa

Seus amigos

Seus inimigos

Personagens do palco da vida

Cada um com suas dúvidas

E seus desejos insaciáveis;

Quero isso

Mais aquilo...

E nunca satisfeitos

Ah, quero um veneno que me dê alegria

Estou cansado de poemas bonitinhos

Cansei de inventar inexistências

A vida, essa sim, é mais cruel

E o amor? Não, ele não é tão belo como julgam

Ele é o próprio Diabo vestido de Anjo

Que rouba sua alma e a deixa penar por aí

Cada um com seus poemas

Floridos e coloridos....

O meu é cinza

É chuva

É trovão

Tempestade

Que alaga as mentiras inventadas

Em rimas, versos e estrofes...

Vavá Borges
Enviado por Vavá Borges em 08/01/2009
Reeditado em 19/01/2009
Código do texto: T1374483