O ENDEREÇO

Menina de rua ,é o nome que tens.

Sexo e drogas, são o teu ganha pão.

Vida bandida, como opção.

Fantasma humana, perambula em vão.

Nau sem rumo, porto solidão.

Sem lar, sem família,sem saude, como

prêmio.

Vivendo ao léu, sonha.

Vende seu corpo, para comprar enfeites.

Sarjeta contínua, a espera.

Esperança morta, não há futuro.

Gueto infinito, como castigo.

Afoga-te na bebida,que amenisa.

Uma fruta descartada, a caminho

do lixo, é o prato a espera.

Fome e miséria, é a tonica.

O sofrimento, reflexo condicionado.

Teu nome é Maria.

Maria Mãe.

Maria amante.

Maria das dores e outras tantas Marias.

Menina de rua, que se fez mulher,ainda

muito jovem.

Hoje tu és mãe que não tem futuro, nem

para ti, nem para teu inocente filho.

Mariposa perdida que queimou as asas

e nunca mais cresceu.

Como leito, o banco da praça.

O jornal esquecido, é o agasalho,

que serve de amparo do frio e sereno

da noite.

Um fogo aquesce o ambiente. O sol se

levanta no nascente, anunciando um

novo dia.

Dia de felicidade para muitos.

Só as meninas de rua têm mais um

dia de sofrimento.

Que dia é hoje? Não sei.

Os dias, as noites, as semanas,

os meses e os anos, não fazem

difenças- é apenas o tempo que passa.

A sociedade não nos vêem.

Fecham os olhos diante do nosso

sofrimento.

Hoje é domingo. Muitos vão as igrejas.

Todos são cristãos, por conveniêcia.

Mas as suas ações,com relação ao

sofrimento humano, é que é a indiferença.

Enquanto Cristo fez seu coração sangrar

por amor à humanidade e morreu por esta,

a maiória dos seus seguidores, tem um

coração de pedra.

Londrina,31/05/2003.

Raimundo Otoni Caldas.

Raimundo Otoni
Enviado por Raimundo Otoni em 11/04/2006
Reeditado em 11/04/2006
Código do texto: T137413