Acordes da delicadeza


Três horas, verão na tarde
folhas paradas, imotas
aonde foi brincar o vento?...
Momento do ângelus
lá de longe, a gente ouvia
de Gounod, a Ave Maria 
tocada na capela distante
da confraria Capuchinhos,
Seis da manhã, o nariz sabia
o cheiro do café de coador,
a boca,  diferente salivava
as padarias abriam cedo,
o pão de sal estalava
e na feira? balaios de umbus
cestas de seriguela
galinha de quintal, jerimum
de barro, esperava a panela.
Banho, só no quintal ou na bacia,
quente, só no inverno, era de lei
vestido novo, fora do comum,
brindes na quermesse  da igreja
filarmônica com homens azul-marinho
tocavam lá em cima do coreto.
E meu coração agora, bate baixinho
são tantas lembranças, que nem sei...



Imagem J.C. (uol)