Memórias de um Omisso

Humanos, diga-se: Desumanos
Não paramos, não pensamos
Tão somente, aceleramos
E na pressa, vício arraigado
Passamos por cima de tudo
De todos, e mais alguns.

Isto aqui não me interessa
Aquilo lá não me diz respeito
Se precisam mudar o mundo
Procurem por outro sujeito

Se precisam de ajuda
Eu não quero nem saber
Se está preocupada com isto
Vá lá e resolva você

À velhinha não quisemos, a avenida atrevessar
Que loucura que fizemos, de pé teve de viajar

Ao pai desonramos
A mãe entristecemos
A mulher desprezamos
Ao amigo abandonamos
A lei desobedecemos
A autoridade desacatamos

E para que?
Ora, para crescer
Ficar rico
Famoso
Poderoso
Respeitado...
Ou temido!

Mas de súbito a surpresa
O fim se mostra eminete
Incerteza, dúvida e medo
Do passado, futuro e presente

Dói então a consciência
Da vida a dura lição
Meus semelhantes morreram
Do meu mal a omissão

Entre os dentes afiado punhal
Nas mãos sangue inocente

ABEL está morto!

E num cínico sorriso tentarei
Susurrar entre os dentes
_Não fui eu!
kiko dos santos
Enviado por kiko dos santos em 07/01/2009
Reeditado em 01/03/2011
Código do texto: T1373100
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.