Poesia Abortìfera

Um grito ouço.

Por pessoas que me escutam,

hoje canto.

Sai algo ríspido.

Será uma longa viagem

pelas estradas

de espinhos aidéticos,

a infectar-nos

com total inspiração maligna.

O que profiro

é algo sujo

como o cu* dos mendigos

tão certos do que fazem

à beira do rio

e da sociedade. *(Evitar ambiguidades)

Mentiras talvez sejam

os acordes que estupro

em violões quebrados

e partidos como meu coração.

Sou um ser avulso,

quase anacoluto,

do que edifiquei por toda a vida.

Sou quase nada

perto do que pareço ser

o que nunca fui.

Sou verdade e luz;

Morte certa.

Não, meu filho.

Não me acompanhe.

Não psicografe epístolas suicidas

no campo imaginário

de cérebros já tão danificados.

Não diga palavras

tão difíceis,

nem publique

dicionários estúpidos!

Não diga não,

eu lhe rogo.

Como todos sabem,

ouço gritos.

Da sala de estar

e de varandas floridas.

Lá estou,

aguardando o beijo

e a punhalada.

Tão traíra como o diabo,

tão certeira como minha Morte.

Raul Furiatti Moreira
Enviado por Raul Furiatti Moreira em 07/01/2009
Código do texto: T1372498
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