Poesia Abortìfera
Um grito ouço.
Por pessoas que me escutam,
hoje canto.
Sai algo ríspido.
Será uma longa viagem
pelas estradas
de espinhos aidéticos,
a infectar-nos
com total inspiração maligna.
O que profiro
é algo sujo
como o cu* dos mendigos
tão certos do que fazem
à beira do rio
e da sociedade. *(Evitar ambiguidades)
Mentiras talvez sejam
os acordes que estupro
em violões quebrados
e partidos como meu coração.
Sou um ser avulso,
quase anacoluto,
do que edifiquei por toda a vida.
Sou quase nada
perto do que pareço ser
o que nunca fui.
Sou verdade e luz;
Morte certa.
Não, meu filho.
Não me acompanhe.
Não psicografe epístolas suicidas
no campo imaginário
de cérebros já tão danificados.
Não diga palavras
tão difíceis,
nem publique
dicionários estúpidos!
Não diga não,
eu lhe rogo.
Como todos sabem,
ouço gritos.
Da sala de estar
e de varandas floridas.
Lá estou,
aguardando o beijo
e a punhalada.
Tão traíra como o diabo,
tão certeira como minha Morte.