O menino Jesus
Euna Britto de Oliveira
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As roupinhas do menino Jeus deviam ser tão limpinhas!
Bordadas com bordados da Palestina, de Israel...
A fala do menino Jesus devia ser tão engraçadinha!
Aramaico na voz de uma criança...
Os panos que agasalhavam o menino Jesus deviam ser tão alvinhos!
Carinhosamente lavados, dobrados e guardados pelas mãos de Maria...
O clima daquela casa habitada pela Sagrada Familia devia ser repousante e saudável,
Revigorante, restaurador, edificante, santificante!...
Não havia brigas, não havia intrigas, nem maledicência, nem egoísmo, nem orgulho,
Nem ansiedade, nem ciúme, nem inveja,
Nem compulsão, nem consumismo, nem complicação, tudo era simples...
Havia amor em seu mais alto grau, e tudo de bom que do amor advém!...
O menino ia crescendo, brincando, sorrindo, chorando...
Maria não precisava ir aprendendo,
Porque o Espírito Santo antecedia cada um de seus pensamentos,
Cada uma de suas ações!...
Inspirava-a!
E sua sabedoria renascia a cada manhã, junto com o sol daquele lado do mundo!...
Durante a noite, a sua sabedoria não dormia – exercitava-se!...
Alimentava-se com as luzes divinas que o seu sagrado cérebro absorvia e processava...
Claro que o menino escorregava, caía, ralava os joelhos, chegava em casa com escoriações...
Passava susto em seus Pais (um dia, até se perdeu...), afligia-os!...
Treinava para as futuras chagas, para a futura agonia...
Claro que o menino brincava com outras crianças,
Achava graça nas coisas engraçadas do seu meio e do seu tempo...
Alegrava-se, com alegrias preparatórias de sua futura glória!...
Um menino asiático, de belos traços,
Olhos que viram este mundo muito antes de nós...
Coração que procurou aquecer o mundo
Sem esquecer os que haveriam de nascer depois, como nós...
Um menino-Deus,
Um Deus-menino,
Difícil de se aceito,
Difícil de ser entendido,
Um menino que nunca andou de carro, porque carro não existia.
Andou de jumento, e desfrutou dessa montaria...
Um menino que nunca viu um avião, nem brinquedo de controle-remoto, nem nada de tecnologia...
Basta segui-lo,
E dispensa-se toda Teologia...