No espelho

Olhos que no espelho observam-me, desconfiados

perscrutam, inquirem, procuram silenciosos os medos,

as dores escondidas o orgulho perdido as preocupações que a

ninguém se conta (há coisas que se vive melhor sozinho).

O que de mim desejam?

Confissões? Não há o que dizer. Bombásticas revelações?

Há tempos nada de novo acontece e os mesmos dias se desfiam

lentos e incondicionalmente MONÓTONOS.

O que deseja essa face séria a me encarar severa? Esse duro olhar

que me penetra o ego como uma lâmina fria a traspassar-me o peito?

Por quanto tempo mais olhos cruéis esperará resposta?

Não percebe que não terás nada senão silêncio?