A UMA LINDA MULHER

Que nome tens, flor do vale,

És mais bela que o canto das sereias,

Mais que a poesia.

Que nome tens? – perguntam-se quem passa.

E julgam: É uma nova flor!

E deslumbras inevitável...

E palpitas melíflua como os favos...

Perfumas os olhos com teus raios,

Como fogos azuis.

Contemplar-te é ver a primavera

Após o amanhecer;

Contemplar-te... E morrer de amor,

E embriagar-se num vinho não provado

De uma bacante ao sul...

Ver teus olhos é ver um lago de areias brancas

E uma pérola negra.

Que nome tens, face misteriosa?

Que tintas coram o teu rosto

E os teus olhos em aspirais tão cintilantes?

Tua boca, um cálice de cristal.

Que poeta a define?

Prostram-te aos pés, e contemplam-te

Quais súditos... Desabam num abismo...

Confundem-se palavras

E nada te define,

Nem mesmo a poesia.

Geraldo Altoé
Enviado por Geraldo Altoé em 03/01/2009
Código do texto: T1365138