CANTO DE AMOR

Canto de Amor

J.B.Xavier

O vento ao bardo um triste verso inspira

E o próprio vento faz-se uma canção.

E bem no fundo do seu coração

O verso nasce nas cordas da lira.

Como um botão, timidamente surge;

Da flor, prenúncios de rara beleza

E enquanto ri a própria natureza,

O bardo canta no tempo que urge.

Verso por verso, o canto se agiganta

Na doce lira a sua mão já treme;

Uma lembrança e o coração já freme,

E uma saudade o triste bardo canta.

Túrgida a voz numa emoção tristonha

Versos voláteis ganham liberdade

Enquanto a lágrima de uma saudade

Rola na face do bardo que sonha...

Versos de luz, de amor e plenitude

Ganham o espaço nos braços do vento

Enquanto o bardo em triste pensamento

Canta o amor em sua solitude.

A solidão é sua velha amiga

A eterna musa a lhe inspirar seus versos

E vai seu canto ganhando universos

Na inspiração dessa doce cantiga.

E lá no fundo do seu coração

Murmura o vento versos de esperança

E outro verso nasce da bonança

Brincando o vento nas folhas do chão...

Mas finalmente finda-se o seu canto

E os ecos ficam a reverberar

Correndo o mundo, tentando encontrar

A doce amada que levou seu pranto.

E parte o vento numa suave aragem

Levando os versos que ao bardo inspirou,

Distante, então, ele os depositou

Nos eucaliptos, como uma homenagem.

Passos miúdos, pegadas na areia,

Ledo caminha o coração da amada,

E nas carícias da espumarada

Um triste amor em seus olhos permeia...

Sozinha e triste na praia distante,

Seu coração pulsa batendo em dor

Buscando ávido por seu amor

Num verso triste ou no vento errante.

Então um doce farfalhar ecoou.

Nos eucaliptos, densas folhagens.

Do bardo a brisa lhe trouxe as mensagens:

O amor sorriu - seu amado voltou...

* * *

JB Xavier
Enviado por JB Xavier em 09/04/2006
Código do texto: T136277
Classificação de conteúdo: seguro