BOTECO
Cachassumo e cachassome,
butiá e guaco, sob o olhar
dos gatos de parceria.
Se descuidam, se vai o líquido,
líquens de casaca
cascas mergulhadas
no doce-amargo expectante.
Lírios estomacais
de estalar os beiços.
A nostalgia mágica roda no ar,
é uma ácida chuva.
O dragão cospe fogo em casa
e trôpegos passos pontilham
o diálogo bebum.
O time do coração joga na TV,
sob cervejas e vinhos de plantão.
Cada mago do copo é um técnico-juiz.
O sol parece estar a salvo
no quase-horizonte.
Zoeira de quem deixa o mundo
azuado de amanhãs sem viços.
Cada um tem, num poema,
a embalsamada ferida.
Dormem sonhos sobre a mesa.
– Do livro O HÁLITO DAS PALAVRAS, 2008 / 2009.
http://www.recantodasletras.com.br/poesias/1362337