O Lado Errado

O Lado Errado

Sentado na minha cadeira, olho o tempo que parou,

Muda o calendário, muda o ano, e meu mundo não andou,

Nem a vontade se ergueu, e tudo que tinha, nada ficou!

O vento hoje adormeceu, não me trouxe novas de ti,

E o céu, não abriu as suas portas ao Orfeu,

Escondeu o azul numa névoa esbranquiçada,

Que não dá alento, nem sonhos prodigiosos na madrugada,

O som da Lira sossega a alma,

E olho o caminho, numa paz que não me salva,

O som só dura um momento, e a pausa é o tormento,

Tanto faz, se estou do lado errado,

Não sonhei o futuro, não previ o inusitado,

Não percebi a jogada, e caí na batalha,

Sem culpa, sem sentido, morri na cilada!

O corpo não se importa,

Se a Lua é errada, e a orbita está torta,

Nem o olhar se alegra, sente o cansaço,

E o rosto de camaleão, da vida de palhaço,

Fica escondido na pintura feita de batom,

Que faz sorrir, mas esconde o coração.

Do outro lado, fica a pintura apressada,

Um risco, um sopro de vida e de alento,

Que só dura um momento.

O outro lado é já ali, para onde aponta o meu dedo,

E onde anoto as coordenadas, para onde parto sem medo!

Nenúfar 1/1/2009