Lua azul

Na cortina adormecida,

equilíbrio minhas vozes em seus trapézios,

guardo meus sonhos em seus lábios.

Sorve-me a noite inflamada,

fluida de sombras pensativas

entre estrelas perolizadas,

e de, ainda lúcidas lembranças.

A gaivota voa guardar seus gemidos,

como o caramujo e o mar também

guardam as angústias dos perfumes.

E meus olhos aluídos,

equilibrando-se nos reflexos da lua azul,

pairam na narrativa do orvalho e a relva,

como a borboleta pousa as curvas do caminho.