PASSO DESTA PRA MELHOR! (Homenagem ao ano que passa e ao ano que chega)
Matem-me com o veneno dos meus amores,
não de ignorâncias, ilusões, saudades e dissabores,
jamais digam que plagio,
mas que maldade!
“quando eu morrer...”
faço aqui meu desafio:
“não quero choro nem vela...”
quero uma fita donzela
gravada com os nomes delas
num estandarte elevado
no mastro do meu navio
nunca digam que em vida
eu fui curto de pavio!
E se acaso eu morrer
de morte natural,
para quem não me acredita
antes ou após a desdita...
em vez de flores,
quero serpentinas, foguetes,
confetes, sorrisos, palhaço e güisos
tudo isso é o que me compete
num inventário preciso!
E a marcha funeral nunca
deverá ser fúnebre, qual?
Em vez do lúgubre, chacretes,
vedetes, marchinhas de carnaval...
Eu quero evento, eu quero é festa,
povo sambando é o que me resta!...
muita cerveja assim na mão
e por sobre a catacumba
antes de descer ao frio chão
quero a galera dançando a rumba,
ali do lado do meu caixão...
E ex-amores ao meu redor
saudando: viva o morto!
De tão torto, foi-se só
sem ter direito ao seu lençol!!
E se nesta vida de tudo curti,
passo desta pra melhor
por tudo o que eu vivi!
Mas antes, um exame de consciência
pra não ser ignorante, mesquinho, egoísta ....
doarei órgãos vivos em prol da ciência!...
Dar o fora, passar desta, num rolé fazer a pista
pra não ir pro outro mundo assim sem direito a complacência,
a mesma que tive em vida sendo poeta e artista!
Fernando Peltier
Serrinha, 30/12/2008