A MORADORA DO ESCURO

A MORADORA DO ESCURO

Dentro de ti há um ser vivo,

inconsciente, irrequieto, moderado,

que faz deste momento uma só solenidade;

teus olhos,

em tons de paz-quietude,

pedem clemência e calma

para que a espiritualidade tome a forma

unida também dos corpos.

Dentro de ti há um ser vivo,

inconsciente, irrequieto, moderado,

que faz deste momento uma só simplicidade;

teu corpo,

no dom de querer mais-e-mais,

exige artes e atletismos

para que as palavras mais articuladas

sejam exatamente fáceis.

Dentro de ti há um ser vivo,

inconsciente, irrequieto, moderado,

que faz deste momento uma só unanimidade;

tua alma,

de tanto entrar-sair-voltar-e-ficar,

agora desavergonhada

exige as sem-vergonhices mais tolas

do meu corpo nu em folha.

Dentro de ti há um ser vivo,

inconsciente, irrequieto, moderado,

que faz desse momento uma só inconsciência;

tua inocência,

com ar de amor em bem-estar,

achada na segunda vista

escandaliza-se com as sombras nas paredes

[siamesas]

e apaga o filete de luz do quarto.