Versos Podres
Meus versos são podres
Sob o olhar desse tempo
Pela análise desse momento
Meus poemas cristalinos
Tornam-se turvos
Os olhos dos meninos, rubros
E os nossos destinos, confusos...
Não é chegada a hora
De medir palavras
Com uma trena rude sem graus
Escada sem degraus
A escalar a torre da dissidência...
O que era livre, tornou-se lugar-comum
O que era cativo, tornou-se obsceno
O grão de pólen divergiu-se da flor
Abrindo mão do esculento néctar
Que tanto o nutria
E dava-lhe o sustento
Do ocaso à borda do dia.