CHINA
Já que nenhum poeta desta casa
Tanger a lira quis em teu louvor,
Venho fazê-lo com o peito em dor,
Numa saudade que me punge e abrasa...
Saudade do meu cão, do meu “Perigo”,
Ressuscitado um dia em minha pena,
Quando passada era uma dezena
De longos anos que se fora o amigo...
Por isso, agora, que te vejo viva
Viva e peralta, inteligente e amiga...
Alegre como o sol que doira a espiga,
Como a tigresa, destemida e altiva...
Agora, que ainda és uma alvorada...
Que és graça, singeleza... Que és carícias
Ocultas, sorrateiras, nas delícias
Dessa pelúcia negra e acetinada!...
Venho cantar-te nestes pobres versos,
Enquanto vais correndo o apartamento,
Rosnando contra a chuva ou contra o vento,
Ou contra os barulhinhos mais diversos
Enquanto és viva e caminhar procuras
No mundo dos caninos, qual rainha,
Cercada de atenções e de ternuras...
(Aqui, ninguém te odeia ou te espezinha)
Lá fora, os outros cães, escorraçados
Vivem. Sem teto... À chuva... Sem comida...
Sem dono... À mingua vão levando a vida,
Famintos se arrastando, amargurados...
Por isso, “CHINA”, és desta casa, prata.
Tu és da tua espécie uma princesa.
Corre em teu sangue azul a realeza
Do “pequinês” altivo e aristocrata...
Janeiro de 1963.
Já que nenhum poeta desta casa
Tanger a lira quis em teu louvor,
Venho fazê-lo com o peito em dor,
Numa saudade que me punge e abrasa...
Saudade do meu cão, do meu “Perigo”,
Ressuscitado um dia em minha pena,
Quando passada era uma dezena
De longos anos que se fora o amigo...
Por isso, agora, que te vejo viva
Viva e peralta, inteligente e amiga...
Alegre como o sol que doira a espiga,
Como a tigresa, destemida e altiva...
Agora, que ainda és uma alvorada...
Que és graça, singeleza... Que és carícias
Ocultas, sorrateiras, nas delícias
Dessa pelúcia negra e acetinada!...
Venho cantar-te nestes pobres versos,
Enquanto vais correndo o apartamento,
Rosnando contra a chuva ou contra o vento,
Ou contra os barulhinhos mais diversos
Enquanto és viva e caminhar procuras
No mundo dos caninos, qual rainha,
Cercada de atenções e de ternuras...
(Aqui, ninguém te odeia ou te espezinha)
Lá fora, os outros cães, escorraçados
Vivem. Sem teto... À chuva... Sem comida...
Sem dono... À mingua vão levando a vida,
Famintos se arrastando, amargurados...
Por isso, “CHINA”, és desta casa, prata.
Tu és da tua espécie uma princesa.
Corre em teu sangue azul a realeza
Do “pequinês” altivo e aristocrata...
Janeiro de 1963.