Alguém
Alguém
Sou alguém que nas manhãs indefinidas e infantis,
Aprecio passos incertos, mas perseverantes de criança,
Que em sua humildade e inocência nos ensinam a dar passos firmes;
Sou alguém que nas tardes, com qualquer temperatura, sinto o calor das horas -
Que passam, nos passam e nos deixam marcas, lembranças e saudades,
Combustíveis que o nosso coração abastece o amor que nos sustenta;
Sou alguém que em noites solitárias de quaisquer estações,
Procuro transformar em primavera os sonhos e esperanças que partiram,
Levando vidas que pereceram antes de desabrocharem;
Sou alguém que não tem um nome em especial, chamam-me poeta, sonhador.
Pouco importa um nome frente à multiplicidade de expressões e formas poéticas;
Sou aquele que muitas vezes está só, lida com lágrimas – minhas e dos outros,
Mas procura encontrar o melhor dos seres em diferentes épocas e espaços;
Sou aquele que em diversas vezes não fui completamente amado,
Mas procuro com palavras e imagens traduzir as ausências de possibilidades,
De sentimentos sinceros que eu uma pessoa são capazes de brotar;
Sou alguém consciente de minha incapacidade de expressão,
Que procura regar de sorrisos pessoas sedentas de felicidade,
Beijando anonimamente, abraçando o vazio das horas e das coisas,
Dormindo com um sonho - um desejo antigo –
Um dia acordar e ver que essa realidade que se mostra aos nossos olhos
Não passou de um pesadelo, de uma época imemorial
E o reino do amor, da felicidade sem fim, enfim é possível.
Raijob, Queimadas – Ba, 30 de dezembro de 2008.