O Ato

Estes olhos que descortinam o mundo

Trazem à cena os mais distintos atos

Eu na platéia inerte.

Sorrio e aplaudo, em momentos,

Noutros comovo-me aos prantos

No meu discernimento parco.

O contraste da beleza que arquiteta a vida

Põe-se assim tão dissonante

Quando a fome e a miséria gritam em tom urgente:

Saciem o meu corpo, que a minha alma é perene,

E a dor só é sentida

Quando em nós se faz presente.

No embate dos meus dias em que busco a aclaração.

Vejo a falta do que me sobra

Sinto a dor que não é minha

Grito então em desatino ao meu ser abastado:

Por quê?

Num mundo tão desigual sou espectador privilegiado

Levanta-te! Vem a resposta altiva.

O muito que foi dado, não foi um presente em vão,

Suba agora no palco da vida e atue.

Faça feliz aos tristes e amenize a dor dos abandonados.

Pois se ao nascer foste agraciado, então rico serás!

Porém ao perecer estarás pobre se a ti não tiver doado.

Léia Batista
Enviado por Léia Batista em 29/12/2008
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