Resquício.
Para Bernardo
como tudo, como sempre
(ou como tudo é para sempre)
Você
incêndeia as horas incêndeia esta noite vazia & incêndeia os meus lábios secos que essa cerveja não molha que não sacia qualquer sede que não sacia qualquer solidão que não embriaga este meu coração
que pulsa
como o teu corpo que pulsa
aí sozinho como o meu corpo
que pulsa pelo o seu
mas eu estou aqui largada em algum subúrbio do universo entre catarses e tão poucas aleluias
algum inferno
mas a tua lembrança adoça até as chamas
mas não é assim tão doce
tua ausência esvazia até o céu
E eu não sei
ando misturada com as cinzas e as luzes tão delirantes quanto
não, eu não sei
quanto são os seus beijos
que se desenham pelo ar e me encontram
como um sonho
em um verso
que me percorre
como o teu sorriso
que me desperta
como o teu olhar
que me penetra
como a tua voz
(os meus olhos estão sujos de noite & rímel & medo e você não os reconheceria, certamente)