Asas

Ah... Se tudo, na vida fosse colorido

Guardaria para você, meu amigo,

Todos os meus dias de sol.

Emprestaria minhas noites enluaradas

Para que você, em sua luz prateada,

Passeasse com suas fantasias.

Se tudo na vida fosse encanto

Viveria, a minha, brincando

Tingiria meus sorrisos, de prata

Minhas tristezas, verde esmeralda

E meus fracassos de azul...

Apagaria meu passado em preto e branco

Amaria meu hoje, que é bom...mas nem tanto,

e o futuro que espero ainda.

Mas a vida, meu amigo, é como o vento

Faz-se forte, fraca, enfim, sem discernimento

Nos surpreende, nos enfraquece, e até mesmo esquece

De apresentar-se, sempre, como boa companhia.

Mas, em segredo, lhe conto

O que um dia a ela eu perguntei:

_Vida, quais asas tenho hoje para encontrar a liberdade perdida,

Serão as da memória que tenho dos anos de minha vida?

Quais asas perdi, pela vida, por estar afoita a fugir do ninho,

Serão as que remendei a cada erro ou serão as que deixei pelo caminho?

Ela, austera, aponta-me o horizonte

E eu, qual pássaro sem asas, pouso

Com o frio a estalar em meu corpo

Em muitos galhos me escondo...

Então, quando bem tarde, já noite vazia

Aprisionei-me entre as folhas frias,

E a vida mostrou-me, escondidas, e eu nem lembrava,

As minhas, pouco usadas, asas de andorinha!

Li Vaz
Enviado por Li Vaz em 27/12/2008
Reeditado em 07/01/2009
Código do texto: T1355621
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