Ontem, como todos os dias a insônia bateu na janela, e nessas noites onde o sono não vem, fico a pensar intermináveis coisas na cabeça que busca  alguma forma  de encontrar o que chama o sono. E começo a  remexer caixas antigas, cadernos rabiscados, procurando algo que pudesse prender-me.
     Achei uma caixa de retalhos, guardados num armário bagunçado e revirado por outras noites sem sono. Na caixa havia uma etiqueta escrita RETALHOS.

     Eram retalhos, mas tão incomuns. Era  como se eu tivesse voltado numa máquina do tempo, retalhos de vestes que vestiram cada um dos meus momentos...
     Retalhos de sonhos de infância, retalhos de saudades, retalhos de vidas sonhadas, retalhos de amores, dores, família, alegrias, tristezas.Enfim, retalhos que me fizeram. 
     Eu tenho uma colcha de retalhos, acho que é por isso que todas as noites as lembranças me vem, porque deitada em cima da memória é impossível não tê-las...
     Mas ao encontrar meus retalhos perdidos, comecei a costurar, juntá-los por ordens de momentos, de acontecimentos, e fiz um vestido longo, de retalhos de vidas.
     E vesti-me... Ficou lindo Meu vestido de retalhos.
Nas  costas costurei fragmentos do passado, e na frente do meu vestido, retalhos vazios com momentos de vida a ser ainda  costurados...
Marcia G
Enviado por Marcia G em 26/12/2008
Código do texto: T1353859
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