O Homem mais Triste do Mundo
Se alguém o visse
passando distraidamente,
nem sequer notaria.
Ele era tão como todos...
Nada nele denunciava
a angústia que irrompia
em seu peito,
sem nunca atravessar a pele.
Dizia-se duro.
Pois que não era pedra,
era apenas homem:
feito de braços e pernas.
Ainda que rocha,
seus poros,
cada um deles,
contavam algo de dor.
Seus passos buscavam
o centro da terra,
assim como os condenados
que carregam bolas nos pés.
Ele era um homem listrado.
Vestia a farda da angústia,
e saía desfilando,
invisível.
Os lábios secos
soltavam palavras mortas.
A língua áspera
ignorava sabores,
e apenas devorava.
Na pressa insensível,
seus pés enfileiravam-se.
A cadência densa
de seus passos perdidos
marcavam seu destino vazio.
Pela trilha mais óbvia,
seguia rumo ao nada.