O Homem mais Triste do Mundo

Se alguém o visse

passando distraidamente,

nem sequer notaria.

Ele era tão como todos...

Nada nele denunciava

a angústia que irrompia

em seu peito,

sem nunca atravessar a pele.

Dizia-se duro.

Pois que não era pedra,

era apenas homem:

feito de braços e pernas.

Ainda que rocha,

seus poros,

cada um deles,

contavam algo de dor.

Seus passos buscavam

o centro da terra,

assim como os condenados

que carregam bolas nos pés.

Ele era um homem listrado.

Vestia a farda da angústia,

e saía desfilando,

invisível.

Os lábios secos

soltavam palavras mortas.

A língua áspera

ignorava sabores,

e apenas devorava.

Na pressa insensível,

seus pés enfileiravam-se.

A cadência densa

de seus passos perdidos

marcavam seu destino vazio.

Pela trilha mais óbvia,

seguia rumo ao nada.

Alessandra Martins
Enviado por Alessandra Martins em 23/12/2008
Reeditado em 27/12/2008
Código do texto: T1350549
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