MEU CALVÁRIO

Queria nesta cruz, ser o teu cristo

No teu peito agonizar em devaneios

E minhas mãos cravadas no crucifixo

Fossem transpassadas por teus seios.

Fossem eles, dois montes calvários

Por onde demoradamente eu subiria

E na maciez desse caminho imaginário

Um rosário de mil poemas recitaria.

Pregar-me-ia bem ao meio do teu peito

Não de costas, como pregaram Jesus

E o sepulcro trocaria por um leito

Invés de fel, vinho tinto ao pé da cruz.

Então teus seios seriam duas taças

De amor e ternura as encheria

E embriagado de vinho e de graças

Ao descer da cruz, entre elas deitaria.

Dar-me-ia ao luxo, nesse calvário

De em cada estação um beijo te dar

Haveria marcas de seios no sudário

E nelas, minhas mãos a acariciar.

Minha ressurreição a cada amanhecer

Seria ao som de La Vie en Rose entoada

Poderia depois, quem sabe, até morrer

Além dessa cruz, não queria mais nada.

Teus mamilos, duas contas de rosário

Que em minhas mãos trêmulas, os traria

Para ao sentir a "morte" nesse calvário

Poder rezar duas últimas ave-marias.

Minha carruagem de subida aos céus:

Uma limusine com champanhe e chofer

Faria dele uma confraria de fariseus

Até Deus se perderia por ti, mulher.

Vilmar Daufenbach
Enviado por Vilmar Daufenbach em 23/12/2008
Reeditado em 09/01/2009
Código do texto: T1350188