Eu

Se em meio ao sublime

Há apenas uma gota de ódio

Este sou eu

Manchando a alvura do amanhã

Com o vômito de minha alma

E se na confusão da miragem

Há um resquício de nitidez

Este sou eu

Corrompendo o sonho em harmonia

Com a dissonante gutural de minha mente

E se na placidez da lagoa

Há um resquício de agitação

Este sou eu

Expandindo-me desorientadamente

Em meio a gritos sôfregos clamando ajuda

E se entre abraços sinceros

Há um pingo de malícia

Este sou eu

Inevitavelmente infectando os bons

Com o fel ardente de minhas rancorosas entranhas

E se na vida

Há um desgraçado

Este sou eu

Filho bastardo

Da própria vida