Chegar ao fim...
Chegar ao fim, como eu estou chegando!
Sem nada a envergonhar-me ou a temer,
De fronte erguida para o alto olhando,
Por ter cumprido, à risca, o meu dever.
Chegar ao fim, como eu estou chegando!
Sem ambições, invejas ou rancor,
Com o pouco que tenho me fartando
E tendo n’alma um forte e grande amor!
Estranho é, pois, num mundo singular,
Feito de ódios, fome e podridão
Que alguém se erga pra de amor falar!
Quando matar é o lema, é o refrão!
De amor falar!... Amor grande demais
Para entendido ser num mundo louco,
Que, apenas, soma; dividir, jamais,
Que muito quer, sem contentar com pouco.
Despreocupado amor, simples, maduro,
Alheio a convenções e preconceitos,
A exibições hipócritas... Seguro
E firme amor, de mil amores feito.
Amor que se espalhou e que se deu,
Que é riso e é pranto e é emoção também,
Que do humano calor sempre viveu,
Sem odiar ou desprezar ninguém.
Altivo é esse amor. Quando ofendido
Ou quando sofre humilhações soezes,
Quando ferido é e incompreendido,
Revida, fere, agride e foge, às vezes,
Para buscar o olor dos verdes campos!
As distâncias, sem fim , dos horizontes!
O ziguezaguear dos pirilampos,
Quando a tarde descamba Trás-os-Montes!
Oh! horizontes azuis! Serras e montes!
Oh! ribeirões! Oh! rios e campinas!
Matas e bosques! Planícies e fontes!
Estrelas, céus, luares e colinas!
Às vezes penso que melhor seria
Jamais os ter amado tanto assim!
Talvez o mundo me compreenderia
E a dor jamais se instalaria em mim
Não pode o amor que sobrevoa cimos
Mares e lagos, campos e cerrados,
Se agrilhoar a rudes possessismos,
Nem a caprichos ser subjugado.
Então, pergunto eu: Como calar?
Ou como sufocar esse bramido?
Sem esmagar meu ser? Me apequenar?
Sem me tornar hipócrita, fingido?
Janeiro de 1961.
Chegar ao fim, como eu estou chegando!
Sem nada a envergonhar-me ou a temer,
De fronte erguida para o alto olhando,
Por ter cumprido, à risca, o meu dever.
Chegar ao fim, como eu estou chegando!
Sem ambições, invejas ou rancor,
Com o pouco que tenho me fartando
E tendo n’alma um forte e grande amor!
Estranho é, pois, num mundo singular,
Feito de ódios, fome e podridão
Que alguém se erga pra de amor falar!
Quando matar é o lema, é o refrão!
De amor falar!... Amor grande demais
Para entendido ser num mundo louco,
Que, apenas, soma; dividir, jamais,
Que muito quer, sem contentar com pouco.
Despreocupado amor, simples, maduro,
Alheio a convenções e preconceitos,
A exibições hipócritas... Seguro
E firme amor, de mil amores feito.
Amor que se espalhou e que se deu,
Que é riso e é pranto e é emoção também,
Que do humano calor sempre viveu,
Sem odiar ou desprezar ninguém.
Altivo é esse amor. Quando ofendido
Ou quando sofre humilhações soezes,
Quando ferido é e incompreendido,
Revida, fere, agride e foge, às vezes,
Para buscar o olor dos verdes campos!
As distâncias, sem fim , dos horizontes!
O ziguezaguear dos pirilampos,
Quando a tarde descamba Trás-os-Montes!
Oh! horizontes azuis! Serras e montes!
Oh! ribeirões! Oh! rios e campinas!
Matas e bosques! Planícies e fontes!
Estrelas, céus, luares e colinas!
Às vezes penso que melhor seria
Jamais os ter amado tanto assim!
Talvez o mundo me compreenderia
E a dor jamais se instalaria em mim
Não pode o amor que sobrevoa cimos
Mares e lagos, campos e cerrados,
Se agrilhoar a rudes possessismos,
Nem a caprichos ser subjugado.
Então, pergunto eu: Como calar?
Ou como sufocar esse bramido?
Sem esmagar meu ser? Me apequenar?
Sem me tornar hipócrita, fingido?
Janeiro de 1961.