Descobertas

Cansada de atirar-me contra o muro na ânsia do caminho

Hoje paro.

Cansada de tatear no escuro e tropeçar no abajur, sem a luz acender,

Hoje descanso.

Cansada de usar a voz na sabedoria dos homens e justiça do mundo

Hoje me calo.

Cansada de sangrar o veneno das lutas e beber do meu sangue em um copo de bar

Hoje desisto.

Cansada da repressão dos ideais e castração dos sonhos

Hoje me liberto.

Cansada de lambuzar o rosto do amargo do pranto em nome da dor

Hoje sorrio.

Cansada da lentidão dos encontros e escassez de carinho,

Hoje me abraço.

Cansada de jogar os dados na inconstância da sorte

Hoje me conformo.

Cansada de esperar tua volta num momento qualquer

Hoje te esqueço.

Cansada de vasculhar as entranhas, revirando o íntimo,

Hoje me encontro.

Cansada de esquecer de mim, me jogando num canto,

Hoje me amo.

Léia Batista
Enviado por Léia Batista em 22/12/2008
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