Estado de espirito.
Rio, 14.09.2006.
Estado de espirito.
Eu sou carioca,
da cidade que provoca
Insegurança e fascínio,
Que está longe de maravilhosa,
Mas continua linda,
Eu sou do Rio, do Rio
Da favela, subúrbio,
Centro, zona norte, zona sul,
Da portela, do barulho
Dentro do maracá no fla-flu.
Da Gamboa, da Guanabara,
Da lagoa, do guandu,
Da humildade, do excluído,
São João, Nova Iguaçu.
Do beco, do morro,
Do coro, da massa
Que canta o funk no Vidigal,
Do medo, do inocente
entre o fogo cruzado
Do traficante e do policial.
Do medingo, do pivete,
Do menino que faz
Malabarismo no sinal,
Do metrô, do 397,
do trem que parte de Santa Cruz
Com destino a Central.
Do pé sujo, do pé limpo,
da conversa fiada, do jornal
Que se lê na banca da esquina,
Da praça, da pelada,
Da mulata que passa
Ovacionada pelas buzinas.
Do Rio das mazelas
E dos encantos mil,
Do Rio que desaguá
No mar desse Brasil.
Eu sou carioca,
da cidade que provoca
Insegurança e fascínio,
Que está longe de maravilhosa,
Mas continua linda,
Eu sou do Rio, do Rio
Terra da paisagem,
Serra, lago, costa verde e litoral,
Do real, da fantasia,
Da paradinha da bateria no carnaval,
Da Ipanema, da bossa,
Da garota, do Tom Jobim,
Do Leme ao Pontal,
do Swing, do som Tim.
Do Cristo, dos braços abertos,
Dos olhos fechados,
indiferente a todo o mal,
Do sorriso, do bom humor,
Do povo que sofre,
sem perder o alto astral.
Da arte, da cultura,
Do samba de roda que nasce
No fundo de quintal,
Da miséria, da fortuna,
Da diferença que promove
a desigualdade social.
Da beleza, da criminalidade,
Que infelizmente parece
Que só faz aumentar,
Das curvas, da sensualidade,
Da morena que passa levando
Consigo um bando de olhar.
Do Rio das mazelas
E dos encantos mil,
Do Rio que deságua
No mar desse Brasil.
Clayton Marcio.