CANÇÃO SONOLENTA
CANÇÃO SONOLENTA
Correm lentos noite e rio
nos atalhos entre o vento
aquecendo a mão do frio
nos retalhos do relento...
A brisa vem-me acalmar
de antigo ressentimento
e o vento me vem cantar
de tanto contentamento.
Na alameda à luz da lua
sob o céu além do tempo
nas poças d’água da rua
entre luzes me contemplo.
Futuro não tem passado
e o presente não tem fim.
Há em mim um outro lado
de um outro lado de mim...
Jaz-me a alma repousada
e uma flor calada em mim
como saudade encostada
no canteiro de um jardim...
Afonso Estebanez