DESNUDA


                   - Inspirado no poema  STRIP-TEASE, de Tânia Meneses -.

Desnuda,
a poesia, - deusa libérrima -, me enlaça
num lânguido abraço.
Afaga-me o ego
e, num apego,
nela me debruço
vertendo verso e reverso
entre os meus dedos.

Como pétalas esparsas
em arvoredos,
rimas soltas se entrecruzam
na vertente inglória
rompendo suavemente o véu da memória.
E riem e cantam e choram
rimam, (des)rimam
e o refrão refloram.

No branco papel,
lençol de letras,
manchas de sémen em semântica,
congruências na pele que expele
em orifícios o que expira
e sente sofregamente
a libido da lira.

A poesia, nua,
pede que eu a possua.
Dança e treme,
bilaquianamente sofre e sua,
ritmicamente inquieta
na mente e no coração,
nas mãos do poeta.


LordHermilioWerther
Enviado por LordHermilioWerther em 20/12/2008
Reeditado em 26/02/2010
Código do texto: T1345120
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