BREJEIRICE! ... OU SERÁ FICAR?
Nadir Silveira Dias
Minha primeira rua foi das belas.
Praia de Belas, onze onze.
Preciosa Zona Zero do Plano Diretor.
Que hoje não tem mais a Casa de Samba,
A pinguela sob o salso chorão,
Em frente à porta da Pepsi-Cola.
E que depois se foi, por comprimida,
Para só no nome perder a Cola, remarquetizada.
Agora tem a Praça de Roma, Shopping,
Âncora, compras, cinemas, diversão,
Dupla mão de avenida e nenhum lugar
Quando se precisa estacionar.
Eu fui antes, para a minha segunda rua.
Primeira minha, barro vermelho e vegetação.
Paralepipidada, bem depois veio Mac Cesar.
Fez casas, roubou a mata.
Ainda assim, continua tendo casa de joão-de-barro,
Nos eucaliptos, nos postes, com a mesma orientação.
Corredeiras, ventos que descem, viração.
E até uns raros que sobem, vendaval.
Tem beija-flor, saíra, bem-te-vi, sabiá,
E até um pedaço de bosque
Que a SMAM diz preservado.
Mas que não é virgem,
Qual as virgens que quase não mais existem,
Na hora de casar ... ou será ficar?
Extraído do livro “Rastros do Sentir” – Poemas Reunidos, Nadir Silveira Dias, Porto Alegre, 1997.
Escritor e Poeta - nadirsdias@yahoo.com.br