caixa de sapatos

Quem se guarda para si mesmo;

quem se guarda para alguém,

esconde alguma coisa.

Quem se guarda para mim;

quem me guarda para si,

quer mostrar alguma coisa.

Então desmontemos os palcos

carcomidos, com insetos

que há na alma.

Meu espírito é uma caixa de sapatos

com cartas e retratos

antigos.

Desfaçamos a maquilagem

dos rostos melancólicos

que restaram

da última ceia.

Meu coração é o sapato daquela caixa.

Se já não vemos o azul do céu;

se já não sentimos os pés no chão,

a culpa não é do espelho

e nem das cordas da guitarra

que eu não tenho.

Se acreditam ainda nos jovens

como o futuro da nação;

se ainda temos no peito

a fumaça de um depois da álgebra,

continuamos na mesma.

Somos como cartas e retratos antigos

dentro de uma caixa de sapatos.

Dil Erick
Enviado por Dil Erick em 27/04/2005
Reeditado em 29/04/2008
Código do texto: T13442