Morremos

Morremos um pouco a cada dia,

Nas despedidas dos amores,

Nas casas vazias,

Na falta de sentido de guardarmos

As fotografias,

Morremos um pouco a cada dia,

Nas ilusões inusitadas do abrir da porta,

Molhando as mesmas plantas,

Inconsciente penitência assoviar

As antigas melodias,

No café, ainda amarga à nostalgia,

Morremos um pouco a cada dia,

Em sacro silêncio, sem anestesia,

A dor que dilacera o peito é pungente

No amor que viveu mais que a gente,

No amor que viveu mais que a gente,

No amor que restou em um somente,

No amor que restou em um:

Semente.

Tonho França

Tonho França
Enviado por Tonho França em 05/04/2006
Código do texto: T134405