Morremos
Morremos um pouco a cada dia,
Nas despedidas dos amores,
Nas casas vazias,
Na falta de sentido de guardarmos
As fotografias,
Morremos um pouco a cada dia,
Nas ilusões inusitadas do abrir da porta,
Molhando as mesmas plantas,
Inconsciente penitência assoviar
As antigas melodias,
No café, ainda amarga à nostalgia,
Morremos um pouco a cada dia,
Em sacro silêncio, sem anestesia,
A dor que dilacera o peito é pungente
No amor que viveu mais que a gente,
No amor que viveu mais que a gente,
No amor que restou em um somente,
No amor que restou em um:
Semente.
Tonho França