sillêncio
“Não tenho estado muito aqui... faz certo tempo já. Intimista demais, sou tantos refúgios. Esconderijos. Sem alarde. Vazios. Não posso com mais nada. O incerto me habita, para despir-me do presente. Não. Porque não quero. Não consigo, não posso. Figuras impregnadas. Medos antigos. Sensações arcaicas. Reprovações diárias. A insegura corda-bamba... oscilante, seca. Cada vez mais escondo-me... este rosto púrpura. Aos poucos a tênue voz ecoa. Rasga da garganta hesitante. Sem nexos, sem valor. Tão sem cor. Um ruído. Só. Nunca profundidade. O calar diante da menor contestação.E tudo tão inseguro... os riscos são tantos... ora, não sai quais os riscos... não sei de mais nada, mas é sempre o mesmo... o vazio e o medo... esse torpor... voz seca... sem ter porquê... e nunca profundidade. Por que essa preferência pela coisa rasa? Sempre tao restrita... tao pequena... tao sem nada... nada que atrai, nada que fixa... a frouxidão dos laços... os rompimentos sutis, diários... a casca... o invisível... são tantas ausências... tantos medos...”