CÁRCERES

Oh algemas vocês que me prendem

mesmo com a chave diante dos olhos acostumei-me a ter vc a me apertar

Tu que és de aço e me fez sentir resignada por tanto tempo

Estagnada na mesmice

no egoísmo

na desilusão

no inativismo

No principío foi dificil te deixar paralisar minhas mãos

minhas atitudes

com o tempo vc foi se ajeitando a meus punhos e formando cicatrizes profundas que foram se amoldando a meus pulsos

foi tornando-se extensão de meu ser

e deixar de agir foi se tornando um hábito

uma comodidade

a inércia tornou-se prática constante

E ali, retida no cárcere da tristeza

da resignação

da alucinação doentia de achar que era normal viver mais ou menos

estar em um carcere que não abria a perspectivas mas que era viver no limite, no básico

numa vida mais ou menos, em um jeito mediocre de existir

E a sociedade foi seguindo assim, e ainda vai, seguindo em círculos, vendo os fragmentos de sol sem ousar repousar sobre ele

percebendo o clarão da lua e das estrelas mas sem deixar emergir-se em sua luz

Quantos carceres na sociedade, nas relações, no trabalho, na família, na escola, nas amizades????????

Quantos preferem viver aprisionados em seu mundinho de pouca luz, de mãos amarradas, sem o minimo de esforço para dai sair

Pôxa é muito mais fácil

é muito mais cômodo

Para os mediocres e covardes

Para aqueles que preferem não ter que refletir

Sair do lugar

Lançar-se ao desafio

Para quem já está morto em vida

E então José? Maria? Pedro? Ana? João...........todos e ninguém.........nós.....vc ............eu.......

quantos estão atrelados a estas algemas?

quantos estão nestes cárceres invisíveis ?

Façamos o desafio de romper as barreiras

abrir as chaves

Soltar as amarras

Libertar do cárcere

Gritar por ajuda

Sussurrar por socorro

Abrir as mãos

deixar que elas despertem

Viver por inteiro e não pela metade

Sorrir, sonhar, chorar, doer, curar, machucar, ferir, perdoar, amar...

Enfim ...........

viver........e plenamente

(18/12/2008)

Ana Lú Portes
Enviado por Ana Lú Portes em 18/12/2008
Reeditado em 06/01/2009
Código do texto: T1342202
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